24/09 (Quarta-feira)
Palestrantes: |
Mário Sergio Cortella, filósofo, doutor em educação e Professor da PUC-SP |
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Susan Linn, psicóloga, diretora associada do Media Center of the Judge Baker Children’s Center, doutora em educação, Professora da Universidade de Harvard e autora do livro Crianças do Consumo |
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Yves de La Taille, psicólogo e educador, doutor em psicologia escolar e do desenvolvimento humano, Professor da USP e Conselheiro do Projeto Criança e Consumo |
Debatedora: |
Regina de Assis, educadora, doutora em currículo e ensino para educação infantil e presidente da MultiRio |
Mediadora: |
Solange Jobim, psicóloga, doutora em educação, Professora da PUC-Rio e Conselheira do Projeto Criança e Consumo |
Horário – 18:30 às 22:30
Temas que serão discutidos
Mario Sergio Cortella
Título: A Mídia como Corpo Docente
Resumo: Quando pensamos no campo da formação ética e de cidadania, os problemas na educação brasileira não são, evidentemente, um ônus a recair prioritariamente sobre o corpo docente escolar; há um outro corpo docente não-escolar com uma estupenda e eficaz ascendência sobre as crianças e jovens.
Susan Linn
Título: Consumismo e aprendizagem: como o marketing dirigido às crianças captura seus corações e mentes
Resumo: Para além de vender produtos e comportamentos, o marketing dirigido às crianças influencia seus valores e padrões de comportamento. Ele é um fator a ser considerado em muitos problemas da infância contemporânea, da obesidade infantil à erotização precoce. Um dos efeitos mais alarmantes da comercialização da infância é a diminuição da brincadeira que é o fundamento da aprendizagem, da criatividade, da solução problemas e da habilidade de dar sentido à vida. Esta palestra discutirá os meios pelos quais o consumismo sufoca a brincadeira criativa na infância e o que podemos fazer a respeito disso.
Yves de La Taille
Título: Cultura da vaidade e consumo
Resumo: Vivemos uma sociedade chamada de, entre outros nomes, de ‘sociedade de consumo’. A bulimia atual atinge todas as pessoas (e deixa frustradas aquelas que, por falta de recursos, não podem adquirir os bens cobiçados) e é, vinte e quatro horas por dia, incentivada por anúncios mil que inundam as ruas, os jornais, as revistas, a televisão, etc. Cabe nos perguntarmos porque tanta gente entrega-se a tal bulimia. Variadas são as explicações possíveis. Na minha fala, defenderei a idéia de que vivemos uma ‘cultura da vaidade’, na qual marcas de distinção, que se associam ao status de ‘vencedor’, tornam-se quase que necessárias para gozar de alguma visibilidade social. Ora, não raramente, o motivo primeiro do consumo é adquirir tais marcas. Como o fenômeno não poupa as crianças e adolescentes (clientes, aliás, muito cobiçados), e também como ele é intimamente relacionado á construção da identidade, medidas para protegê-los devem necessariamente passar, para além da dimensão legal, pela dimensão ética, ética entendida aqui como busca da ‘vida boa, para e com outrem, em instituições justas’. É o que procurarei argumentar na minha fala.
25/09 (Quinta-feira)
Palestrantes: |
Gilberto Dupas, coordenador geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI) e Professor-Visitante da Universidade Paris II |
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Marcelo Sodré, doutor em direito do consumidor e Professor da PUC-SP |
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Cecilia von Feilitzen, doutora em sociologia e coordenadora científica da International Clearinghouse on Children, Youth and Media, trabalho realizado em parceria com a UNESCO, na Nordicom, University of Gothenburg, Suécia |
Debatedor: |
Clóvis de Barros Filho, doutor em comunicação, Professor da USP e da ESPM e Conselheiro do Projeto Criança e Consumo |
Mediadora: |
Ladislau Dowbor, doutor em economia e Professor da PUC-SP |
Horário – 18:30 às 22:30
Temas que serão discutidos
Gilberto Dupas
Título: Protegendo a Liberdade da Criança
Resumo: A função principal da propaganda é transformar em novos objetos de desejo os produtos e serviços criados pela inovação tecnológica. E fazer do cidadão, incluindo a criança, um contínuo consumidor, cada vez menos satisfeito com o que já tem e encontrando no ato de compra satisfação ilusória de desejos ou alívio temporário de frustrações. Em geral, a propaganda se destina a fazer o indivíduo consumir mais algo de que não precisa; ou trocar a marca daquilo que já consome. As razões são sistêmicas. Uma delas tem a ver com a necessidade intrínseca ao capitalismo de estar em permanente expansão, no que ele depende da voracidade do consumidor. A sofisticação da propaganda é intensa. Ela recorre a técnicas subliminares que criam desejos e necessidades utilizando, entre outros, processos de identificação e transferência. É preciso estabelecer limites à propaganda para que esse imenso poder não colida diretamente com o interesse público ao induzir ao consumo inadequado as crianças, que têm poucas condições de se defender e são continuamente expostas a apelos altamente sedutores e erotizados. A sociedade, por meio de suas instituições, tem o dever de proteger a liberdade das crianças colocando limites para uma propaganda que utiliza espaços públicos para objetivos privados que tenta ocultar.
Marcelo Sodré
Título: A proteção da sociedade, a liberdade de expressão e a liberdade na atividade publicitária: uma confusão conceitual
Resumo: Em recente congresso, os publicitários voltaram a insistir na defesa de seus direitos “fundamentais”: liberdade de expressão comercial, como forma de garantia da liberdade de imprensa e da democracia cultural; e o direito a auto-regulamentar suas atividades, uma vez posta a ilegitimidade do Estado em regulamentá-las. “A publicidade não causa obesidade, alcoolismo, acidentes domésticos ou de trânsito”, eis a afirmação categórica. A presente exposição tem como objetivo questionar e relativizar tais afirmações, colocando-as em contexto mais geral. Para tanto, a partir de uma análise de algumas características da sociedade de consumo, pretende abordar a legitimidade de proteger os consumidores, no caso em especial, as crianças, por meio de instrumentos jurídicos. Os seguintes conceitos terão destaque nesta análise: riscos civilizatórios, danos difusos e abusividade. Perguntas a serem respondidas: existem princípios constitucionais que desfazem a confusão conceitual indicada? Seria o Código de Defesa do Consumidor, que acaba de fazer 18 anos de vigência, um documento hábil para proteger as crianças contra publicidades abusivas? De qual liberdade falam os publicitários?
Cecília von Feilitzen
Título: Infância, mídia e sociedade de consumo
Resumo: Esta palestra trata de diferentes aspectos das relações entre infância e mídia, na sociedade de consumo, dentre eles: Como as crianças são representadas na mídia e na publicidade? A partir de quando as crianças passam a entender a publicidade e os novos tipos de marketing? Quais as conseqüências da publicidade e do consumismo para crianças, para a programação infantil e para as mídias digitais?
Encontro Exclusivo com Jornalistas
Provocar um intenso debate e mostrar que o problema do consumismo infantil não é restrito ao universo da família, mas de ordem ética, econômica, social e ambiental. Esse é o objetivo do encontro exclusivo para a imprensa, promovido pelo Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, na manhã do dia 23 de setembro, data da abertura do 2° Fórum Internacional Criança e Consumo.