Fico feliz com poder conversar com pessoas de todos os tipos, de pensamentos e organizações de vários matizes, que interessam-se pelo que penso e por minhas metodologias de mudança de atitude comunicativa, posicionando-nos para o Diálogo.
Netse sentido compartilho aqui a matéria que Gisella Hiche, desta organização preciosa que é a Viração, escreveu no site deles a respeito da recente Roda de Conversa que tivemos sobre Generosidade e Fortalecimento de Redes.
“Viração: Grat@s Evandro Ouriques!“
Gisella Hiche, da Redação (28/08/2008)
http://www.revistaviracao.org.br/artigo.php?id=1974
As
Rodas de Conversa da Viração são assim: senta-se em círculo, olha-se
nos olhos e compartilham-se conhecimentos de pessoas que, a seu modo,
buscam transformar nossa realidade. Elas começaram no dia 17 de abril
com o professor doutor Evandro Ouriques, da Escola de Comunicação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O pessoal gostou tanto
que pediu um bis.
Na última terça, dia 26 de agosto, o Evandro
veio, sentou-se no chão com as pernas cruzadas, em frente à bandeira
uypala e durante toda conversa chamou a atenção para o fato de estar
respirando.
Para acompanhar o Evandro, a gente teve que abrir
nossos corações para uma linguagem diferente a que nos habituamos.
Evandro articula muitos conhecimentos; acadêmicos, populares,
ancestrais. Ele reinventa posições, valores e afirma que somos “seres
portadores de linguagem, e quando se quer mudar, precisa-se mudar os
jogos de linguagem”.
Seguindo esta linha, ou melhor, espiral,
Evandro fala do tema Mídia, Mente e Ação – Seminário de Aprofundamento:
A Questão da Generosidade no Fortalecimento das Redes. Para ele, falar
em rede é falar do fluxo da vida. Resgatando a generosidade para
consigo mesmo, pode-se reentrar no fluxo da vida.
Evandro atribui
o bloqueio desse fluxo ao fundamento do pensamento ocidental, lá na
Grécia antiga, quando o homem passa a se considerar como algo fora da
natureza, quando o homem passa a se ver como cultura.
A explicação sintética que Evandro nos deu sobre essa idéia do homem se achar fora da natureza parece um pouco um exercício
de raciocínio lógico: “Quando eu não sou eu, você é o outro, quando eu
sou eu, você é eu”. Entendeu? Ou melhor, entendeu o que isso tem a ver
com redes e políticas públicas? É que a forma como abordamos essas
questões; os tais jogos de linguagem, gera um tipo de organização,
perspectiva e estratégia. O jeito como a gente se pensa no mundo diz
muito sobre como estamos efetivamente no mundo.
Evandro defende
que não existem corporações, mas pessoas com pensamento corporativo,
que não faz sentido usar o termo “direito à comunicação”, porque nós
somos comunicação, os meios de comunicação são nossas extensões. Menos
idéias e mais pessoas, isso é parte do resgate da generosidade e da
construção de políticas públicas sociais. Lembrando que políticas que
não são públicas nem sociais não são políticas.
Evandro propõe
uma libertação dos significados e termos que usamos sem refletir muito.
Por exemplo, faz algum sentido luta pela “inclusão”? Será que queremos
mesmo “incluir” pessoas em um modo de vida que é absolutamente
insustentável? Ou queremos transformar radicalmente o modelo, ou
“paradigma” da sociedade?
Evandro não pára, está seguindo o fluxo
da vida, o que às vezes contradiz nossos planos. Ele ainda nos faz
sentir a diferença de dizer “grato/a”ou “obrigado/a”. A roda vai se
finalizando, fizemos perguntas, abrimos espaço para considerar num
mesmo pensamento o budismo, a yoga, a linha “não-utilitarista” da
sociologia. Mais do que nos entregar na bandeja uma proposta sobre
“como fortalecer as redes da Viração”, ele compartilhou um pouco seu
jeito de ver e sentir a vida.